terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Saudade

(Trilha sonora obrigatória: My Foolish Heart, by Bill Evans)



Saudade é como a areia da ampulheta:
No mesmo instante em que preenche um vazio
Cria outro.

É como o assobio do vento
Num fim de tarde frio,
Quando cada barulho parece um murmúrio.

É como a sentinela sobre a torre:
Atende a cada ruído
Na esperança de que seja alguém.

É como o eco de um caudaloso rio
Correndo nas entranhas de um labirinto
Sem dele jamais sair.

É como ser devorado pelo deus
E continuar vivo
Para voltar a ser devorado.

É como no mito de Orfeu:
Eurídice está ali,
Mas pode desvanecer num olhar.

É uma ausência presente,
Uma solidão acompanhada,
É como ver quem não se pode ver.

Leonardo Ramos.

Um comentário:

O mural do Albergue não é quadro de mesa de sinuca. Pense antes de postar.