terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Razão

Não é por teu olhar iluminado,
tua tez suave, ou tua face amena,
por me doares tua voz serena
ou mesmo por teu corpo imaculado;

nem por estares onde tenho estado,
nas vivas cores das melhores cenas,
no beijo que alivia minhas penas,
no enleio que me cerca de cuidado.

Se dizem que, no amor dos corações,
não há sequer a sombra do bom senso,
se é tão contrário a si, como em Camões,

no meu amor, adiro a tal consenso:
pois mesmo havendo todas as razões
para te amar, toda razão dispenso.

Leonardo Ramos.

Um comentário:

  1. Uau, gostei (como dizem os portugas) imenso do poema, Leo! Você aproveitou com maestria e eficiência a sintaxe poética seiscentista. Parabéns, cara!!

    Sabe de uma conclusão a que cheguei, em mais de 15 anos como cultivador do soneto? É que essa forma - e apenas ela - parece convencer poeticamente, quando se trata de amor ou outros temas com cheiro de naftalina, nestes nossos tempos "pós-pós-modernos"...

    O blog está excelente! Já virei seguidor.

    Grande abraço!

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O mural do Albergue não é quadro de mesa de sinuca. Pense antes de postar.