quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Estrangeiro

Minha cabeça dói. É por lutar
a ver se alcanço em mim qualquer lembrança
da terra que seria minha herança,
do sítio onde devia ser meu lar.

Meu pensamento é pássaro a voar;
a mente é campo de desesperança
no qual há um pinheiro sem pujança,
onde essa ave insiste em não pousar.

Talvez seja demais, mas me angustia
sentir-me tanto, e tanto deslocado
que, mesmo estando exposto à luz do dia,

não posso ter jamais iluminado
razão alguma que me explicaria
o que me trouxe aonde eu tenho estado.

Leonardo Ramos.

Um comentário:

  1. Belos versos para esse impasse do estrangeiro: contagiar-se pelas inúmeras possiblidades que se abrem em seu horizonte, ou deixar que o abandono da situação de ser um deslocado o domine? A saída acaba sendo equilibrar-se nessa linha tênue, ser um sabendo ser também o outro.

    Bom conferir seu Blog, Léo! Você vai se divertir com essa possibilidade, esse "pedacinho" na rede caótica para "chamar de seu". Voltarei mais vezes.
    Abraço!

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O mural do Albergue não é quadro de mesa de sinuca. Pense antes de postar.