(Trilha sonora obrigatória: My Foolish Heart, by Bill Evans)
Saudade é como a areia da ampulheta:
No mesmo instante em que preenche um vazio
Cria outro.
É como o assobio do vento
Num fim de tarde frio,
Quando cada barulho parece um murmúrio.
É como a sentinela sobre a torre:
Atende a cada ruído
Na esperança de que seja alguém.
É como o eco de um caudaloso rio
Correndo nas entranhas de um labirinto
Sem dele jamais sair.
É como ser devorado pelo deus
E continuar vivo
Para voltar a ser devorado.
É como no mito de Orfeu:
Eurídice está ali,
Mas pode desvanecer num olhar.
É uma ausência presente,
Uma solidão acompanhada,
É como ver quem não se pode ver.
Leonardo Ramos.
Perfeito! A música, "os músicos" :), o poema, o autor! :)
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