sábado, 11 de dezembro de 2010
The long and winding road
The long and winding road
That leads to your door
Will never disappear
I've seen that road before
It always leads me here
Lead me to your door
The wild and windy night
That the rain washed away
Has left a pool of tears
Crying for the day
Why leave me standing here
Let me know the way
Many times I've been alone
And many times I've cried
Anyway you'll never know
The many ways I've tried
But still they lead me back
To the long winding road
You left me standing here
A long long time ago
Don't leave me waiting here
Lead me to your door
But still they lead me back
To the long winding road
You left me standing here
A long long time ago
Don't keep me waiting here
Lead me to your door
______________________
Esta é, para mim, a mais bela música que o mundo pop produziu. Paul conseguiu resumir nessa canção e nessa letra a melancolia que rege as relações interpessoais. Ele já havia feito isso em Eleanor Rigby, mas aqui a mensagem é menos direta, mais imagética. A longa e sinuosa estrada que leva às portas das pessoas não é um caminho que se simplesmente escolhe seguir; é preciso que aquela pessoa que conhece bem o itinerário decida ensinar como percorrê-lo.
The long and winding road parece um último pedido do Paul de reconciliação para uma relação desgastada - senão com todos os Beatles, ao menos com o John. Mas é uma tentativa de reencontro desengonçada, cheia de queixas e de mágoas. Esta estrofe:
Many times I've been alone
And many times I've cried
Anyway you'll never know
The many ways I've tried
demonstra bem a reclamação de quem se sentiu abandonado quando acreditou tentar fazer de tudo para que a separação não acontecesse. Essa estrofe está na versão de estúdio, tanto do álbum Let it be quanto do Let it be... Naked. Mas nesse vídeo que encima a postagem, retirado do filme Let it be, o Paul canta o seguinte:
Many times I've been alone
And many times I've cried
Anyway you've always know
The many ways I've tried
o que parece ser não mais apenas uma queixa, mas uma acusação: "Você sempre soube o quanto eu tentei...", o que, em outras palavras, parece dizer: "Você nunca deu a mínima para o que eu sinto."
Não quero entrar aqui em discussões beatlemaníacas inúteis, de quem foi o "culpado" pelo término da banda mais sensacional de todos os tempos, na minha opinião. Isso não importa mais. Só quem fez parte daquele processo é que pode dizer como foi - e, ainda assim, não haverá jamais uma versão definitiva ou "verdadeira" dos fatos. Os fatos ocorrem diferentemente para cada pessoa, e a verdade absoluta não existe.
Mas essa música serve como espelho de inúmeros fracassos em relacionamentos - de amizade, de amor, de família... e desses longos e tortuosos caminhos que nem sempre queremos percorrer, e de itinerários que algumas vezes não nos deixam conhecer.
But still they lead me back to the long winding road...
Hermes.
P.S.: A versão do álbum Let it be é muito bonita, com todos aqueles arranjos de cordas que o Phill Spector colocou. Mas, para mim, a do Let it be... Naked é muito mais bela, ainda que deixe transparecer todos as falhas de execução - o piano desencontrado com a bateria, o baixo descompromissado de John... desencontros que eram realmente o retrato de uma banda se desfacelando.
Postado por
Leonardo Ramos
às
02:41
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Se The Long and Winding Road não for a melhor música do universo pop em todos os tempos, seguramente está entre três ou cinco melhores.
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