quarta-feira, 23 de março de 2011
Sobre Eduardo Galeano e seu sangue latino
Nos meus tempos nada saudosos de colégio, uma professora de história citou o nome de um livro que ela julgava essencial para quem quisesse se aprofundar no estudo sobre a história da América Latina. Como ler e estudar sempre foi meu lazer, eu procurei saber os nomes exatos: o autor era Eduardo Galeano, o livro, As veias abertas da América Latina. O ano era 1993, eu tinha doze anos e estava na sétima série do então primeiro grau. O livro custou CR$ 3.415,00 (cruzeiros reais!, para os mais novos que não se lembram das nossas inúmeras trocas de moedas...). O dinheiro para a compra, eu o economizara no lanche da escola, que servia, alternadamente, para adquirir livros ou CD's de música erudita.
Eu não o li, eu o devorei. A escrita do Galeano me aprazia enormemente, e a sede de conhecimento não me deixava parar a leitura. Aquela foi a semente de um posterior posicionamento político esquerdista, que só nasceu sete anos depois. Mas, apesar da escolha política tardia, eu mantive o gosto pelo autor, que me pareceu muito bom àquela época.
Na fase adulta esquerdista, fiquei impressionado com a clareza para expor sua visão política, sempre com sensatez e serenidade, sem exageros apaixonados, como sói acontecer na esquerda. Vi inúmeros vídeos do escritor, sempre presente em eventos como o Fórum Social Mundial, onde intelectuais e pessoas simples se sentam para compartilhar inquietudes e esperanças.
Ontem à noite, procurando achar o sono para dormir, deparei com o programa Sangue Latino, do Canal Brasil, em que se entrevistava o escritor uruguaio. Descobri um outro Galeano, político, sim, como sempre, mas apresentando mais, agora, sua face humana, seus medos e suas vitórias. Fiquei ainda mais fã desse homem, e decidi compartilhar com os visitantes deste albergue a alegria de encontrar ainda seres humanos que sabem ser humanos.
O vídeo tem pouco mais de vinte minutos. Tire um tempo, sente-se com calma e assista. Eu lhe asseguro que vai valer a pena.
Postado por
Leonardo Ramos
às
23:13
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Nossa, fiquei mega interessado nesta leitura, confesso que não conhecia o dito uruguaio. Valeu pela bela e prazerosa indicação, Leo! Já está na minha lista de espera de cabeceira. Abraço!
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