Quatro vezes fui à fonte para matar minha sede em águas límpidas. A água não manava da mesma forma as quatro vezes, não era a mesma água nas quatro vezes. O desenho das nuvens no céu não era o mesmo as quatro vezes. Eu não pisei exatamente no mesmo sulco que meus pés abriram as quatro vezes. A sede não era a mesma as quatro vezes. Eu não me dobrei da mesma maneira as quatro vezes. Em cada vez, eu era mais velho. Em cada vez, a água molhou meus lábios de forma diferente. Em cada vez, fazia mais calor, ou mais frio, ou chovia, ou era noite. As quatro vezes eu matei minha sede, que não era a mesma, de maneiras diferentes, na água que não manava da mesma forma, na fonte que era a mesma.
Quatro vezes eu fui à fonte da memória.
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Leonardo Ramos.
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