quarta-feira, 18 de maio de 2011

Braços

Quando se cai no abismo da saudade,
busca-se, em vão, lembranças a salvar:
murmúrios, odores, a suavidade
das mãos entrelaçadas, um olhar,

o falar só por falar, a vontade
de, do abraço, não mais se separar,
o riso sem motivo, a intensidade
dos braços que procuram se enlaçar.

Mas nada nos impede de cair
quando o Hades nos está a reclamar.
E, com Orfeu, nós vamos descobrir

que o mais embasbacante é constatar
que aquele amor que deveria unir
serviu, somente, p’ra nos apartar.

Leonardo Ramos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O mural do Albergue não é quadro de mesa de sinuca. Pense antes de postar.