sábado, 2 de abril de 2011

Pra que lado fica o porto? Parte III

III

Terás alguns bons amigos,
Que te amarão de verdade;
Outros, serão teus colegas,
Teus companheiros de idade.

Amigos são como o vento
Que move as pás do moinho:
Dão-nos a força precisa
Para seguirmos caminho.

Mas se tiveres colegas
Que te pareçam chatinhos,
Pensa que as rosas têm flores
Que trazem junto os espinhos.

Todos serão companheiros,
Mas cada um tem sua meta.
Um quer ver altas montanhas,
Outro deseja ir a Creta.

Uns vão descer na Argentina;
Outros virão da Espanha.
Há quem embarque na França
Pra desistir na Alemanha.

Aprenderás na viagem
Que velejar sobre os mares
Une duas coisas distintas
E, ainda, complementares:

O capitão do navio
Anda com muita atenção:
Numa das mãos traz a bússola;
Noutra, segura o timão.

Alguma vez acontece
(Sempre que o tempo ameniza)
Que o capitão ergue as velas,
Deixa o navio ir à brisa.

Mas para ir aonde quer
O capitão tem em mente
Que às vezes segue-se a rota,
Noutras nos leva a corrente.

E quando as nuvens se ajuntam
E o céu azul se acinzenta;
Quando há períodos de chuva,
De tempestade e tormenta,

Escolhe apenas um rumo,
Acende muitas luzinhas;
E presta muita atenção
Nas armadilhas marinhas.

(Nunca dispenses ajuda
De quem vem junto contigo,
De quem tem experiência,
Nem de quem for teu amigo.)

Após um breve silêncio
Daquele adulto bonzinho,
O pequenino João
Disse, com todo carinho:

“É muito bom, meu senhor
Ouvir as tuas histórias.
Mas quero agora escutar
As tuas grandes vitórias.”

“Ah, meu querido João,
A vida é contraditória!
Às vezes é na derrota
Que construímos a glória.

Mas, sobre as coisas do mar,
Não vou dizer mais agora.
Tu saberás que fazer
Quando chegar a tua hora.

Não te preocupe a idade,
Não tenhas pressa em crescer;
Só aproveita o momento
E o que ele te oferecer

De bom em cada viagem.
Para saber velejar,
Não temos fórmulas mágicas:
Não há “estradas” no mar.

Lembra somente que agora
Serás, com teus companheiros,
Apenas um tripulante
(Alguma vez, timoneiro);

Mas, se tiveres paciência
Para, com o tempo, aprender,
Navio próprio, algum dia,
Para guiar hás de ter.”

“Nossa conversa foi boa!”
– Disse o menino João.
“Somente agora eu percebo
Que estou na embarcação.

Não sinto mais tanto medo.
Só estou um pouco ansioso
Para curtir a viagem:
Um sentimento gostoso.”

“Mais uma vez nos veremos.”
– Disse o adulto João.
“Guarda tuas experiências
Dentro do teu coração;

Quando eu puder te rever
Quero escutar as histórias
Das tuas grandes viagens,
Das tuas muitas vitórias.”

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